Poema de João Cabral de Melo Neto
Assim como a bala
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;
Assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo do homem
pesando-o mais de um lado;
Qual bala que tivesse
um vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo
igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;
Assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;
Qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto
de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.
enterrada no corpo,
fazendo mais espesso
um dos lados do morto;
Assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
no músculo do homem
pesando-o mais de um lado;
Qual bala que tivesse
um vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo
igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,
relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;
Assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;
Qual uma faca íntima
ou faca de uso interno,
habitando num corpo
como o próprio esqueleto
de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos.
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