quarta-feira, 25 de maio de 2016

O Relógio

Poema de Biagio Pecorelli in: Vários Ovários, Editora Edith



termo seco. Sem visagem,
o muro. Puro silêncio mata, mata não?
o semblante da vez, o teu passado,
esse cio de verniz, tão plástico.

o tempo é uma ave cega 
na hora do primeiro voo. Agora
memória na hora de dormir
é faca, faca não?

a tua cidade de bruma fria, aquela imagem
da boca azeda no cru queimou-me.
o rasante do carcará sobra a cama,
o teu sêmen de leão sobre o meu nu,

à noite sempre sou tua serva, sirvo não?
tu em mim, divino e ínfimo tu.

mas é sempre em  minha casa que
chegam as cartas que te escrevo.

meu amor em teu relógio é sal.

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