quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Issureição da Vagina

Poema de Dayane Rocha


*Via: Escarcéu

Terei que me calar perante tudo?
Engolir sem querer a própria voz?
E deixar que outro alguém fale por nós?
Como assim se o que eu sinto não é mudo?
Terei que esconder que sou mulher?
Que me visto e que ando como quero?
Que eu só vou fazer o que eu quiser
E por ser desse jeito sou um zero?
Tua boca me enche de elogios
Mas tu queres meu peito em tua boca
Ter que retribuir aos assovios
Como se eu gostasse, coisa louca!
Terei mesmo que ser a recatada?
Escutar tudo que for me dizer?
Pois eu vou preferir ser desbocada
Mandar com todo gosto se fuder!
Os teus olhos me estupram sem um toque
Com a saia mais longa ou apertada
Chega alguém pra dizer não me provoque
Para minha vagina cobiçada
Ser humano, favor, espere um pouco
Deixe eu vomitar minha agonia
Isso é mesmo normal ou isso é louco
Vê a morte sangrar a cada dia?
Cala a tua voz, pobre machista
Não irei me curvar sob os teus pés
Serei sempre mulher a tua vista
Serei sempre senhora dos anéis.

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