quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Déjà Vu

Poema de Jean Silveira


Meu coração, com quatro patas,
anda pianinho na rua da Saudade.
Os dentes acesos da mulher rapadura
(a menina dos olhos de gueixa).
O plano piloto da democracia
nos discursos de Pinky e Cérebro.
Um pisciano se sente frito
diante da tainha assada do bar do Dema.
Pedro masca uma culpa de pimenta
na cela dos Esquecidos.
Coxinhas oleosas balançam o rabo
prum cão de guarda do Palácio da Alvorada.
Regina esquenta notas de 100
com lombo de ejá ao molho branco.
A aurora cai da cadeira de rodas
na Praça da Independência.
A pegada no asfalto de marshmallow
da cidade de Townsville.

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