quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Canto para Atabaque

Por Carlos Marighella


Ei bum!
Qui bum-rum!
Qui bum-rum!...

Bum! Bumba!


Ei lu!
Qui lu-lu!
Qui lu-lu!
Lumumba!


Ei Brasil!
Ei bumba meu-boi!


“Mansu, manseba,
traz a navalheta
pra fazer a barba
deste maganeta.”


Lá vem beberrão,
lá vem Bastião,
tocando bexiga
em tudo que é gente.


O engenheiro medindo,
empata-samba empatando,
cavalo-marinho
dançando, dançando.
O boi requebrando,
o boi está morrendo,
o boi levantando,


Ei Brasil-africano!
Minha avó era nega haussá,
ela veio foi da África,
num navio negreiro.
Meu pai veio foi da Itália,
operário imigrante.
O Brasil é mestiço,
mistura de índio, de negro, de branco.


Bum! Qui bum-rum! Qui bum-rum! Bum-bum!

Quem fez o Brasil
foi trabalho de negro,
de escravo, de escrava,
com banzo, sem banzo,
mas lá na senzala,
o filão do Brasil
veio de lá foi da África.


Ei bum!
Qui bum-rum!
Qui bum-rum!
Bum! Bumba!


Ei lu!
Qui lu-lu!
Qui lu-lu!
Lumumba!

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