quinta-feira, 5 de julho de 2018

Ibura

Poema de Bel Valentim

O sangue hoje lava o chão da quebrada!
Se a ideia é pesada, esta vida é bem mais.
Quem luta por paz, por nenhum passo atrás, 
traz sempre no peito a ferida inflamada.
Favela marcada, invadida e ocupada
por tropas treinadas pra aterrorizar
são provas que o Estado pretende calar
a nossa revolta, por medo ou receio,
mas vem a cobrança, e quem tá de cu cheio
às custas do povo vai ter de pagar!
Meu mano, se atente, que o corre é bem louco,
se faz pouco a pouco, mas não com atraso.
O caso é que a gente não tá por acaso
nas brasas do inferno, no eterno sufoco:
Mais vale o produto do trampo que o troco
que em troca o patrão nos pretende pagar.
E, pra garantir e manter como está,
o playba mantém sempre os porcos alerta,
mas quando a revolta do povo desperta,
nem playba nem porco é capaz de parar!
Mantenha-se vivo e desobedeça,
livrando a cabeça do individualismo,
do achismo, egoísmo, do espontaneísmo.
Só vivo se vence, mermão, não se esqueça!
Estude, então mude, pra que a gente cresça,
e nossa família vai recuperar
o riso que os brancos ousaram roubar,
quebrando as correntes da ira afinal,
milhões de Panteras contra o capital,
fazendo um banquete na Beira do Mar!

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