sexta-feira, 6 de julho de 2018

Peço licença

Poema de Patrícia Naia


peço licença,
para falar do meu orgulho através da minha letra
o mundo tentou me embranquecer mas
tenho muito orgulho de ser uma mulher preta.
embora a escravidão com sua violência ,
e os padrões da sociedade
que sempre tentaram negar minha existência,
tenho muito orgulho de ser uma mulher preta,
e hoje a minha rima eu faço com resistência.

embora a falta de oportunidade me empurrando para a margem,
o sistema escolar cheio de sabotagens,
, a PM com a sua covardia,
e o tráfico que mata gente como eu , todo dia.
todas essas coisas, já me fizeram sentir culpada,
e eu quase virei mais uma preta revoltada,
cabelo alisado, e com autoestima baixa,
todas minhas formas de existir a sociedade tentou eliminar,
mas depois de entender isso, dei giro na ampulheta,
hoje verso, denuncio, digo alto,
tenho muito orgulho de ser uma mulher preta.
mais de 500 anos na memória,
centenas de rainhas e princesas negras, e suas trajetórias,
e apesar da escola ter me negado esse conhecimento,
eu sozinha pesquisei muitas dessas histórias.
Hoje eu sou poeta,
e na poesia é que trago as marcas da minha cor, e da minha minha dor,
dor, quanto a ela, a justiça do homem até falha, mas a de Xangô nunca falhou.
prezo pra que nossas histórias sejam contadas
mulheres negras sejam lidas, e nossas crianças ensinadas.
não importa quantos poemas eu ainda tenha que escrever,
quanto racismo eu tenha que denunciar,
força na minha cor, e fé na minha caneta,
e eu tenho muito orgulho de ser uma mulher preta.

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